Psicóloga explica medidas que pais e responsáveis podem tomar para diminuir sentimento de aflição de crianças no ambiente escolar, após recentes casos de violência.
A escalada de casos de violência em escolas e creches acendeu um alerta aos pais e responsáveis, que precisam lidar diariamente com a aflição dos estudantes. Neste ano, foram dois ataques resultando em mortes, um em São Paulo, que vitimou uma professora, e outro em Blumenau (SC), que tirou a vida de quatro crianças.
Pelo bem da saúde mental das crianças e dos jovens, é importante que os responsáveis busquem estratégias para lidar com o momento. A psicóloga e doutora em saúde Juliene Azevedo enumera algumas ações que podem ser tomadas pelos pais. “Primeiro tentando se informar: como é a segurança dessa escola? Se reunir com outros pais fazer uma lista de, entre aspas, reivindicações, saber o que a escola tem, o que a escola não tem, está sendo passado muito pela Polícia Civil, os telefones. Orientar essas crianças, se acontecer uma coisa ali dentro, como você deve agir, onde ligar, o que pode ser feito”, explicou.
Além disso, prestar atenção aos sinais de crianças e jovens também é importante para estabelecer diálogos significativos, que colaborem neste momento. “O que tem angustiado nossos filhos, será que eles têm algum tipo de violência na escola, violências invisíveis, que a gente não quer enxergar, como por exemplo o bullying. ‘Meu filho tem amizades na escola? Como ele está se sentindo lá dentro?’”, contextualizou.
Responsabilidade dos pais
A especialista também falou da importância dos pais assumirem suas responsabilidades no desenvolvimento de crianças e jovens: “A gente deixa muito a cargo da escola toda a questão de educação e emocional dos nossos filhos. E acho que agora é um grande momento de reflexão, porque isso está acontecendo aqui. ‘Até que ponto eu, como mãe, tenho que estar conhecendo como meu filho se comporta na escola’”, pontuou.
A publicitária Rebeca Catarina mora no Guará, no Distrito Federal, e tem dois filhos, de 6 e 12 anos, estudantes da rede pública. Ela conta como mais velho tem se sentido neste momento. “Como ele tem mais acesso a internet, ele está recebendo muitas mensagens, o tempo inteiro, são muitas notícias. Ele vê o que aconteceu, ele vê o que falam que vai acontecer, já deram datas, deram até locais onde iriam acontecer os ataques, e eles estão ficando muito nervosos, eles estão tendo algumas reações de ansiedade mesmo”, relatou.
Essas mensagens ameaçando novos ataques, inclusive, tem circulado entre alunos de diversas cidades, e podem ser punidas pelo Art. 41 da Lei das Contravenções Penais (LCP), pois estão a “provocar alarme, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto”, conforme explica a legislação. O ato pode resultar em prisão ou multa.
Movimentações federais
O Ministério da Educação instituiu um grupo de trabalho interministerial de enfrentamento à violência nas escolas, que já se reuniu com técnicos de todas as pastas envolvidas, na última segunda-feira (12). Foi o primeiro encontro de alinhamento para desenvolver a política de segurança e prevenção de combate à violência no ambiente escolar.
Na quinta-feira (13), o ministro da Educação, Camilo Santana, se reuniu com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e com representantes estaduais da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). O foco do encontro foi discutir políticas integradas de proteção no ambiente escolar. Durante a reunião, os secretários tiveram a oportunidade de apresentar as ações emergenciais implementadas e sugerir novas frentes para prevenir casos de violência escolar.
Ainda neste contexto, o Ministério da Justiça anunciou o fortalecimento da ronda escolar no entorno de escolas públicas, tanto municipais quanto estaduais.
Ações estaduais
Os governos estaduais também se movimentaram na última semana. Em Blumenau (SC), os vigilantes que atenderão as unidades escolares receberam treinamento no sábado (15), e equipes técnicas visitaram todas as instituições de ensino para verificar possíveis vulnerabilidades na estrutura física das unidades.
Já o governo do estado do Rio de Janeiro iniciou os trabalhos do Comitê de Segurança Escolar para prevenir casos de violência nas escolas.
O governo do Ceará lançou uma cartilha de orientações para prevenção e combate da violência dentro do ambiente escolar.
No Acre, o governo estadual e as Secretarias de Educação, Cultura e Esportes (SEE), de Saúde (Sesacre) e de Segurança Pública (Sejusp) promoveram um encontro para tratar sobre violência nas escolas.
Em Brasília, diretores de escolas públicas terão, nesta segunda-feira (17), formação com orientações sobre prevenção e enfrentamento da violência.no espaço escolar.
Fonte: Brasil 61