Opção por maior rentabilidade ganha atratividade com juros no maior patamar desde 2016, mas exige cuidado dos trabalhadores
O saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), modalidade que permite a retirada de parte do saldo disponível todos os anos, ganha atratividade no momento atual, marcado por juros no maior patamar dos últimos seis anos.
A aposta na adesão é vista como uma boa oportunidade para quem quer utilizar os recursos para investir, já que as contas do fundo rendem somente 3% ao ano + TR (Taxa Referencial), atualmente em 0,15%.
Para quem realizar a troca por um ativo de renda fixa prefixada com rentabilidade de 15% ao ano, uma aplicação de R$ 1.000 pelo período de cinco anos se tornará R$ 1.750 (+ R$ 750) no fim do prazo. Parado no FGTS, o mesmo montante evoluirá para apenas R$ 1.157,50 (+ R$ 157,50).
Tiago Almeida, planejador fiduciário da Fiduc, explica que a troca da rentabilidade vale a pena em todos os cenários para os investidores, mas defende o estudo das opções na hora de escolher o melhor ativo. “Se é uma boa opção, a pessoa precisa ter consciência se tem um objetivo de curto ou de longo prazo”, destaca ele.
Na avaliação do planejador, a decisão é muito individualizada e pode ser uma aposta interessante para complementar a renda, quitar dívidas com juros altos e até garantir uma aposentadoria mais gorda.
“Se a pessoa tem um fluxo de caixa, é interessante realizar o saque para compor uma reserva de emergência, que é a coisa mais importante dentro do orçamento familiar. Se ela quiser sacar em 20 anos, o valor se tornará um montante bem interessante”, completa Almeida.
Ao optar pela modalidade, no entanto, o trabalhador precisa entender que a grana do FGTS serve como refúgio para os profissionais, conforme alerta Bruna Allemann, educadora financeira da Acordo Certo.
“Apesar do baixo rendimento, [o FGTS] é um bom jeito de poupar de uma forma natural e ter uma quantia relevante para realizar sonhos como a entrada da casa própria. A oportunidade de ter esse dinheiro em mãos, muitas vezes, vai para gastar e não para investir”, diz Bruna.
Outro fator importante a ser analisado leva em conta que, ao optar pelo saque-aniversário, o trabalhador perde o benefício ou direito ao resgate do dinheiro do FGTS em caso de demissão. Também é necessário aguardar dois anos caso se arrependa da escolha. “Deve ser uma decisão muito bem pensada”, afirma a educadora financeira da Acordo Certo.
Saque-aniversário
Criada em 2019 e em vigor desde 2020, a modalidade permite a retirada de parte do saldo de qualquer conta ativa ou inativa do FGTS a cada ano, no mês de aniversário, em troca de não receber parte do que tem direito em caso de demissão sem justa causa.
Para ter direito, é necessário que o trabalhador faça a opção por essa modalidade, a qualquer tempo, pelos canais disponibilizados pela Caixa: App FGTS, no site fgts.caixa.gov.br, no Internet Banking Caixa ou nas agências.
A opção não é obrigatória. Quem não fizer a opção permanecerá na sistemática do saque-rescisão. Os trabalhadores que optarem pelo saque-aniversário até o último dia do mês de seu aniversário poderão receber o valor no mesmo ano de opção.
Em 2021, 9,8 milhões de novos trabalhadores aderiram à modalidade, e o saque anual foi de R$ 17,7 bilhões desde janeiro daquele ano, incluindo os valores repassados às instituições financeiras em razão da contratação, por parte de alguns trabalhadores, de antecipação do saque nessas instituições.
O período de saques começa no primeiro dia útil do mês de aniversário do trabalhador. Os valores ficam disponíveis até o último dia útil do segundo mês subsequente. Caso o dinheiro não seja retirado no prazo, volta para as contas do FGTS em nome do trabalhador.
Fonte: R7
ECONOMIZE | Alexandre Garcia, do R7