Viajar de avião está mais seguro que antes, segundo relatório da IATA. Redução de acidentes é comemorada pelos profissionais das empresas e passageiros
O Relatório de Segurança da aviação global de 2022, que acaba de ser divulgado pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), foi recebido com alegria por pilotos, comissários e passageiros que viajam de avião, além de profissionais que controlam a segurança nos voos ou que operam no sistema. O levantamento informa que os acidentes fatais diminuíram em relação a 2021 e também à média dos últimos cinco anos. O documento mostra que houve redução de “fatalidades” (mortes), na comparação com a média registrada entre 2018 e 2022.
A IATA representa cerca de 300 companhias aéreas, que compõem 83% do tráfego da aviação global. O risco de fatalidade de 0,11 – apontado no levantamento sobre o transporte aéreo de 2022 – significa que, em média, uma pessoa precisaria pegar um voo, todos os dias, durante 25.214 anos para sofrer um acidente fatal. Ou seja: os dados demonstram que viajar de avião é uma das formas mais seguras que existem, segundo os especialistas.
Para Yaankov Magalhães, que trabalha há muitos anos como piloto e agora atua também como empresário do setor aeronáutico, a redução do número de acidentes registrado pela IATA se deve principalmente à qualidade e ao nível técnico dos treinamentos que são realizados com os tripulantes, em simuladores de voo.
“Além disso, as manutenções, com os mais altos níveis de confiabilidade, executadas de forma preventiva, somadas aos rigorosos controles de qualidade dos combustíveis, garantem a qualidade do produto”, afirmou.
Treinamento rigoroso
De acordo com Natália Lima, que além de pilotar aviões é estudante de Medicina, o número de acidentes aéreos diminuiu principalmente por causa do treinamento mais rigoroso proporcionado a pilotos e controladores de tráfico aéreo – além da modernização e do aperfeiçoamento do sistema de segurança das próprias aeronaves.
“São equipamentos com diversos sistemas de segurança, principalmente o radar metrológico, onde já dá essa perspectiva de melhora, ou da metrologia que se encontra no destino, através da qual já começa a ter todo seu gerenciamento de cabine”, explicou.
Segundo ela, o treinamento de pilotos é fundamental: “Principalmente na fase de decolagem e de pouso, onde devem estar com o nível de atenção redobrado”, esclareceu a piloto, acrescentando que esse treinamento é muito importante nas operações por voo por instrumento, onde muitas vezes, a visibilidade se encontra baixa”.
Medo de voar
O medo de voar é uma das coisas mais comuns entre os usuários dos aeroportos, mas nem todos admitem o receio. Não é o caso da terapeuta Jandira Gabriel da Costa. Ela mora em Rondônia e viajou a trabalho para São Paulo num voo doméstico, apesar de não se sentir segura em aviões.
“O avião é muito pesado para estar no ar. Além disso, a oficina é aqui embaixo, né?”, examina ela. “Na hora que precisa de levar [o avião] para a oficina, tem que aterrissar”.
A terapeuta vai além e faz observações a respeito das instruções que são dadas rotineiramente, no início dos voos, pela tripulação: “Quando eles começam a mostrar aqueles coletes, dar todas aquelas explicações sobre a cadeira, o salva-vidas… Eu nunca vi ninguém usar aquilo, nem dizer que deu tempo de usar. Então, por isso eu tenho medo”, conclui Jandira.
Destaques do Relatório
- Em 2022, ocorreram cinco acidentes fatais com perdas de vidas de passageiros e tripulantes. Contudo, esse número representa uma redução em comparação com os sete acidentes fatais relatados em 2021 e uma melhoria na média de cinco anos (2018-2022), que também foi de sete;
- A taxa de acidentes fatais melhorou para 0,16 por milhão de setores em 2022, em relação a 0,27 por milhão de setores em 2021, e também em relação à taxa de acidentes fatais no período de cinco anos de 0,20;
- A taxa referente a todos os acidentes foi de 1,21 por milhão de setores, que representa uma redução em comparação com a taxa de 1,26 acidentes no período de cinco anos de 2018-2022, mas um aumento em relação a 1,13 acidentes por milhão de setores em 2021;
- O risco de fatalidade caiu de 0,23 em 2021 para 0,11 e 0,13 no período de cinco anos (2018-2022);
- As companhias aéreas associadas à Iata sofreram um acidente fatal em 2022, com 19 mortes.
Risco de fatalidade
O risco de fatalidade de 0,11 registrado no transporte aéreo em 2022 significa que, em média, uma pessoa precisaria pegar um voo todos os dias durante 25.214 anos para sofrer um acidente 100% fatal. Esta é uma melhoria em relação à taxa de mortalidade no período de cinco anos (média de 22.116 anos).
Apesar da redução no número de acidentes fatais, o número de mortes aumentou de 121 em 2021 para 158 em 2022. A maioria das mortes em 2022 ocorreu em um único acidente de aeronave na China que resultou a perda da vida de 132 pessoas. A companhia aérea envolvida não era associada à IATA, mas está no registro Iata “Operational Safety Audit” (IOSA).
A segunda maior perda de vidas ocorreu em um acidente com uma companhia aérea associada à IATA na Tanzânia, que resultou em 19 mortes. Todas as companhias aéreas associadas à IATA são obrigadas a ter a certificação IOSA.
IOSA
IOSA é o padrão global utilizado pelo setor em auditorias de segurança operacional das companhias aéreas. Este padrão é usado por várias autoridades em seus programas de segurança regulatória. Atualmente, 409 companhias aéreas possuem a certificação IOSA, incluindo 107 que não são membros da IATA.
Fonte: Brasil 61