Segundo pesquisa realizada pela CNI, além de 47% já terem projetos, 28% das empresas estão realizando estudos iniciais para implementar estratégias de ecoinovação
Quase metade das indústrias brasileiras já possuem projetos ou planos de ecoinovação. A pesquisa “Sondagem Especial: Ecoinovação e Transformação Digital”, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que 47% das indústrias no país atuam para inovar em processos, técnicas e práticas que reduzam seu impacto ambiental.
Conforme o levantamento, 30% das empresas brasileiras estão executando projetos, enquanto 17% têm projetos aprovados prestes a iniciar. Além disso, 28% das empresas já estão realizando estudos iniciais para implementar estratégias de ecoinovação, enquanto 19% ainda não adotaram nenhuma ação relacionada ao tema. Para a pesquisa, foram entrevistados 2.236 gestores de empresas industriais entre os dias 1º e 10 de janeiro de 2023.
O estudo ainda destaca que, entre as indústrias que integram a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) — grupo coordenado pela CNI formado por mais de 500 empresas —, o resultado é ainda mais favorável: 78% das empresas têm planos de ação ou projetos de ecoinovação em andamento; 7% têm projetos aprovados, mas não iniciados; 9% estão realizando estudos; e apenas 5% não realizam nenhuma ação no tema.
Para a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, os resultados da pesquisa indicam que a implantação de estratégias de ecoinovação podem impulsionar a competitividade industrial no Brasil. “Os resultados foram bastante interessantes e nos incentivam de fato a caminhar nessa estratégia de transformar o Brasil em um país líder em ecoinovação.”
“A ecoinovação é a inovação que não impacta o meio ambiente. E o Brasil tem várias vantagens em bioeconomia, economia circular, em energias renováveis e descarbonização. Então, a gente pode aproveitar isso para, de fato, alavancar uma estratégia nacional que possa impulsionar o Brasil a se tornar um país mais inovador, dentro dos parâmetros que estão sendo discutidos hoje para o comércio internacional, para a competitividade”, explica.
Gargalos da Ecoinovação
Transformar a produção científica em inovação no mercado é o principal desafio da ecoinovação no Brasil, na avaliação da diretora de Inovação da CNI.“E para isso a gente precisa de políticas públicas como visão de longo prazo. A ciência, tecnologia e inovação integrada a uma política industrial, já que nos países mais desenvolvidos, hoje pode-se dizer que as políticas industriais têm como principal vetor a inovação”, diz.
Ela completa ainda que é necessário aumentar os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. “No Brasil, o último dado disponível é de 2020. A gente estava investindo por volta de 1% do PIB. Sendo que os países da OCDE investem acima de 2% do PIB. Países como Coreia, Israel chegam a mais de 5% do PIB. Então você vê que tem um gap entre o que o Brasil está investindo e que os países mais inovadores e desenvolvidos estão investindo também precisamos aumentar”, afirma.
Nesse sentido, Gianna Sagazio coloca como uma das soluções a aprovação do PL 4944/2020, que tramita na Câmara dos Deputados e trata da modernização da chamada Lei do Bem.
“É uma proposta muito importante, que nos alinha às principais práticas, por exemplo, da OCDE, de instrumentos transversais, de incentivos fiscais e projetos de inovação. Esse PL traz um aprimoramento que é urgente e necessário para que as empresas possam inovar mais e para que o país se torne um país mais inovador”, frisa.
Para o relator do projeto, deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP), a ecoinovação é uma agenda em comum da indústria e está entre as prioridades do governo.
“Essa questão da ecoinovação é um aperfeiçoamento interno do seu produto, que é relacionado, por exemplo, à descarbonização. Há hoje uma prioridade no governo de priorizar a neoindustrialização. Quer dizer, essa questão da inovação sempre buscando a descarbonização e a redução dos seus resíduos, através da economia circular”, diz.
Fonte: Brasil 61