Mecanismo de transparência apresenta resultados preocupantes sobre ações dos países-membros em relação à redução de gases de efeito estufa, adaptação aos impactos climáticos, financiamento e transferência de tecnologia
Global Stocktake (GST) é um mecanismo de transparência da Organização das Nações Unidas (ONU), que avalia e acompanha o avanço das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris. A ferramenta é estratégica para medir o progresso dos quase 200 países-membros da Conferência das Partes (COP) considerando os esforços socioeconômicos no enfrentamento aos impactos ambientais e redução de danos causados pelas mudanças climáticas.
O primeiro balanço GST será divulgado na COP28, que acontece em Dubai (Emirados Árabes Unidos), a partir de 30 de novembro. Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI) fala sobre a importância do GST.
“É uma oportunidade de se corrigir alguns rumos quando se fala de cumprimento de metas de longo prazo, as chamadas NDCs — que vários países assumiram em termos de compromisso dentro do Acordo de Paris. De forma coletiva vai ser dada a devida transparência em como esses países estão, em termos de cumprimento dessas metas, e a partir desse mapeamento, vão ser tomadas algumas decisões de correção de rumo e implementação de plano de ação.”
Resultados preliminares preocupam
Dados preliminares divulgados pela Convenção do Clima da ONU mostram que os países ainda estão longe de cumprir as NDCs — metas nacionais – para frear o aquecimento global. Por isso a urgência em se implementar as medidas mitigadoras antes que as catástrofes climáticas se tornem ainda mais intensas e frequentes.
A CNI já apresentou as principais recomendações para o tema em um documento que é feito de forma recorrente e compartilhado sempre às vésperas da COP com os negociadores do governo federal. O gerente da CNI cita os principais temas elencados pelo documento.
“O primeiro falando sobre a importância de ter um plano de implementação das NDCs brasileiros, ou seja, as metas de longo prazo. Isso se reflete no balanço geral que vai ser publicado e conversado durante a COP28. O Segundo ponto é o mercado do carbono que já vem sendo discutido nas últimas edições da COP — evoluiu muito a discussão em relação a essa temática — agora a gente entra numa parte mais operacional.”
Bomtempo ainda destaca um terceiro ponto levantado pela CNI: o financiamento dessas ações.
“É a questão dos US$100 bilhões, como os países desenvolvidos vão financiar uma transição de baixo carbono para os países em desenvolvimento. Com certeza é um assunto que vai ser discutido com relação à nova meta e por isso é importante que o governo brasileiro acompanhe de forma a considerar as necessidades do nosso país.”
Etapas do Global Stocktake
- Fase 1 (novembro de 2021 a junho de 2022): ONU prepara e coleta informações para conduzir o levantamento que chega por meio de fontes, estudos e relatório.
- Fase 2 (junho de 2022 a junho de 2023): avaliação técnica — incluindo diálogos nas Conferências do Clima da ONU.
- Fase 3 (COP28 – novembro e dezembro de 2023): apresentação e discussão das conclusões na COP28 — momento de identificar oportunidades de intensificação do apoio internacional sobre as questões climáticas.
Fonte: Brasil 61