Sondagem Industrial da CNI aponta que indicadores que medem a produção, o emprego, os estoques e o investimento recuaram. Pela primeira vez em dois anos, empresários esperam queda de postos de trabalho no setor e nas exportações
A indústria brasileira teve desempenho negativo em outubro. Os indicadores que medem a produção, o emprego e a utilização da capacidade instalada recuaram, de acordo com a mais recente Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Segundo a pesquisa, os estoques do setor industrial aumentaram e ficaram bem acima do planejado, o que aponta para estoques excessivos e frustração dos empresários com a demanda. O levantamento também mostra que as expectativas dos empresários industriais no mês de novembro diminuíram. É a primeira vez em mais de dois anos que há projeção de queda no emprego no setor e nas exportações para os próximos seis meses.
Os empresários também se mostram menos propensos a investir. O indicador que mede esse fator também recuou e, agora, está em seu menor nível em mais de dois anos.
Segundo o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a combinação de resultados negativos em todos os indicadores serve de alerta para os empresários.
“Os resultados acendem um sinal de alerta, sobretudo por conta da questão dos estoques. Os estoques aumentaram bastante. Ficaram acima do planejado pelas empresas. Então, apesar de a produção ter recuado um pouco na passagem de setembro a outubro, ainda assim houve frustração dos empresários. Eles venderam menos do que esperavam, por isso o estoque aumentou para acima do planejado”, comenta.
Produção e emprego
A produção da indústria caiu pelo segundo mês consecutivo em outubro. O índice de evolução da produção ficou em 48,5 pontos. Esse patamar está abaixo da linha divisória de 50 pontos. Quando o número está abaixo dessa linha, significa que há queda na produção em relação ao mês anterior, no caso, setembro. De acordo com a Sondagem Industrial, é a primeira vez que a produção regride para um mês de outubro desde 2016.
Depois de crescer por cinco meses seguidos, o emprego do setor industrial também recuou. Em outubro, o índice que mede a evolução dos postos de trabalho caiu para 49,6 pontos. O resultado também está abaixo da linha divisória de 50 pontos. O indicador fechou o mês de setembro em 51,4 pontos. Segundo a pesquisa, é a primeira queda do emprego industrial para o mês de outubro em três anos.
UCI e estoques
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) caiu um ponto percentual em outubro, para 71%. A UCI é um indicador importante para saber o nível de ociosidade de máquinas e equipamentos do setor. Quanto menor, pior é. O índice já havia caído em setembro. Com isso, a UCI acumula queda de dois pontos percentuais nos últimos dois meses.
Já o índice de evolução do nível de estoques aumentou para 51,5 pontos em outubro. Como está acima da linha divisória, isso indica que houve mais produtos em estoque em relação a setembro. Outro indicador, o índice de estoque efetivo em relação ao planejado, subiu de 50,9 pontos para 52,4 pontos. É o pior resultado para o mês desde julho de 2019.
Investimento e expectativas
A intenção de investimento dos empresários da indústria caiu 3,9 pontos, de acordo com o levantamento. O índice fechou o mês em 53,3 pontos, menor patamar para o setor desde agosto de 2020.
Boa parte deste receio dos empresários em investir se deve às expectativas quanto ao futuro da economia do país. É o que explica Marcelo Azevedo. “Reflete aí uma incerteza muito grande. Passado o período eleitoral, as empresas voltam à discussão de alguns problemas que a indústria já vem enfrentando há algum tempo e se espera que tenha avanço. Se por um lado a questão da falta de insumos e matérias-primas que prejudicou tanta indústria nos últimos meses vem perde importância, mas ainda é um entrave importante, outros problemas, como a taxa de juros elevada, ganham importância atrapalhando a atividade industrial como um todo”, analisa.
Em novembro, os indicadores que medem as expectativas dos industriais caíram de forma considerável. A projeção para as demandas de produtos industriais registrou o maior recuo: 5,5 pontos. O indicador estacionou nos 51,4 pontos. Isso significa que, apesar da queda, ainda há expectativa de alta na demanda, embora mais modesta do que se apresentava no mês anterior.
Os empresários também esperam comprar menos matérias-primas. O índice que mede essa expectativa caiu 4,3 pontos, para 50,2 pontos. O valor está próximo dos 50 pontos. Isso quer dizer que é praticamente neutra a projeção de compra de insumos nos próximos seis meses.
Os indicadores de expectativa do número de empregados e de quantidade exportada também recuaram. O primeiro caiu 3,3 pontos, para 49 pontos. Já o segundo diminuiu 2,7 pontos, para 49,6 pontos. Em ambos casos, os resultados indicam que deve haver queda de emprego e de exportações nos próximos seis meses, o que não ocorria desde junho de 2020.
Amostra
A Sondagem Industrial contou com a participação de 1.757 empresas, entre 1º e 10 de novembro, sendo 703 de pequeno porte, 615 de médio porte e 439 de grande porte.
Para qualificar 300 mil trabalhadores da indústria em Goiás, FIEG investirá quase R$ 1 bi até 2026
Estimativa para a inflação de 2022 sobe pela quarta semana consecutiva
Fonte: Brasil 61