Um estudo escocês publicado na revista Nature Communications, com quase 100 mil participantes, reforça que a Covid longa pode deixar sequelas duradouras
Foi no começo de 2021 que a advogada Caroline Matos, de 23 anos, infectou-se pelo vírus causador da Covid-19. Meses após a infecção, no entanto, as sequelas da doença continuaram. “Me vacinei, mas passado alguns meses comecei sentir algumas sequelas, que foram queda de cabelo, perda de memória. Fiquei sem memória nenhuma e me atrapalhou muito no trabalho. Fiz até acompanhamento com neurologista, mas me disse que realmente era sequela, que muitos estavam indo no consultório com isso”, conta Caroline.
Esses sintomas sentidos por Caroline duraram em torno de cinco meses e fazem parte do que é chamado de ‘Covid longa’, condição que afeta quem contraiu o coronavírus e permaneceu com alguma manifestação da doença por pelo menos 60 dias.
Um estudo escocês publicado na revista Nature Communications, com quase 100 mil participantes, reforça que a Covid longa pode deixar sequelas duradouras ou até mesmo permanentes em pessoas que se infectaram. Segundo a pesquisa, a cada 20 pessoas, uma não se recuperou totalmente entre seis e 18 meses após a infecção E 42% se recuperaram somente parcialmente.
Segundo a infectologista Ana Helena Germoglio, os sintomas a longo prazo dependem do tipo de acometimento da doença. “Pacientes que evoluem para a forma grave, tendem a ter sintomas pós-covid por mais tempo. Mesmo os pacientes que não têm a forma grave, podem evoluir com os sintomas a longo prazo. Por exemplo, inflamação cardíaca, alterações neurológicas, alteração de memória, trombos, vasculites. Qualquer órgão do nosso corpo pode ser afetado pela Covid, inclusive a pele”, avalia.
A Covid longa também atingiu o cineasta Hugo Para Asu, de 26 anos. “Tive Covid em junho e mais ou menos em agosto comecei a ter sintomas de falta de ar, chiado no peito, dificuldade para respirar. Fui ao hospital e vi que era uma infecção nos brônquios. Até hoje sinto falta de ar quando faço esforço físico, chiado. Fico cansado muito rápido”, conta.
Morte pela nova cepa
Nesta primeira quinzena de novembro, o Brasil registrou a primeira morte pela nova cepa do coronavírus, a subvariante BQ.1, na cidade de São Paulo. A vítima era uma mulher de 72 anos que, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ficou sete dias internada e apresentava diversas comorbidades.
Essa subvariante carrega mutações em pontos importantes do vírus. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a BQ.1, desde o começo de outubro, foi detectada em 65 países.
O Ministério da Saúde vem reforçando a importância de se completar o ciclo vacinal contra a Covid-19. De acordo com a pasta, até agora mais de 100 milhões de brasileiros já tomaram a primeira dose de reforço. E mais de 35,5 milhões já se vacinaram com a segunda dose de reforço. As vacinas estão disponíveis nos mais de 48 mil postos de vacinação, em todo o Brasil.
“A gente insiste que a vacina é a mais eficaz, não somente para evitar a Covid longa, mas a partir do momento que evita casos graves, reduzia a chance do paciente ter a doença, obviamente não terá a Covid longa”, diz Ana Helena Germoglio.
Fonte: Brasil 61