Apesar de ter nascido em Itumbiara, no interior de Goiás, Tatiane é sul-mato-grossense de coração. Hoje com 38 anos de idade, a engenheira mora em Mato Grosso do Sul há 36. Primeiro, residiu em Naviraí e depois em Campo Grande, para ingressar na universidade. Sua relação com o esporte começou em 2010. Após o nascimento de seu primeiro filho, Tatiane enfrentou uma batalha contra a depressão pós-parto, levando-a a buscar alternativas para sua saúde mental. Por recomendação médica, junto a sessões de terapia e medicamentos, ela encontrou no esporte uma forma de lidar com seus desafios.
Inicialmente hesitante em depender apenas de remédios, foi a prática esportiva que se revelou como a verdadeira chave para superar a situação e abandonar os remédios. A corrida se tornou sua aliada, proporcionando-lhe bem-estar desde os primeiros passos, começando com caminhadas e, gradualmente, evoluindo para corridas. “Eu já fazia musculação, mas precisava de um esporte que me ajudasse na produção hormonal da serotonina, endorfina, que é tão importante para o bem-estar da nossa saúde mental e psicológica. Foi aí que comecei a caminhar com o meu filho ainda bem pequeno e fui me apaixonando cada vez mais pela corrida e nunca imaginei que chegaria a fazer uma maratona”, relata.
Em Foz do Iguaçu (PR), ela encarou sua primeira meia maratona (21 km) nacional, marcando o início de sua jornada em provas de longa distância. Já a estreia internacional ocorreu em Paris, em 2012. Surpreendentemente, apenas três anos depois, em 2015, decidiu desafiar-se ainda mais, dobrando a distância e participando da Maratona de Berlim daquele ano.
A partir daí não parou mais e o sonho de faturar a Mandala Six Majors veio à tona: Nova Iorque (2016), Chicago (2017), Boston (2018), Londres (2019) e, por fim, Tóquio (2024), agora em março. “Era para ser uma por ano, mas a pandemia não deixou. Cheguei a migrar para o ciclismo e quase abandonei a busca pela Mandala, mas depois me encorajei e, após cinco anos sem maratona, voltei e fiz Tóquio”, revela Tatiane.
Concluir as maratonas foi a realização de um sonho para a atleta amadora. “Falo isso porque ela entrou num momento difícil e de dor, mas que, de alguma maneira, depois trouxe essa grande alegria que é me tornar maratonista”, destaca. Hoje, por meio das redes sociais, Tatiane procura inspirar pessoas a alcançarem seus objetivos. “Meu maior ganho, minha maior medalha, meu maior troféu é sempre poder levar muitas pessoas comigo. Influenciar pessoas para o bem, para o esporte, para o bem-estar, para a corrida e ter o impulsionamento delas também, porque talvez eu não seria talvez de tudo isso sem essas pessoas que estão comigo”.
Como atleta, Tatiane relata que conciliar sua vida pessoal com os treinos e corridas é mais tranquilo agora. Por ser uma profissional autônoma, tem flexibilidade para montar sua própria agenda de compromissos e seus filhos estão mais velhos e independentes. Ela conta que prefere treinar logo pela manhã, bem cedo, por volta das 5 horas. “Tenho facilidade em acordar de madrugada, acordo às quatro e saio para treinar às cinco. Então, às sete da manhã já conclui meus treinos e estou livre para seguir minha rotina como mãe, engenheira, dona de casa e influenciadora digital”, explica a maratonista.
A curto prazo, sua meta como corredora é desacelerar um pouco, mas sem parar. Até o meio do ano, Tatiane quer treinar com menos volume, percorrer distâncias menores, ganhar velocidade e trabalhar com fortalecimento para recompor sua base muscular. “O plano é recuperar todos os gastos que fiz nesses últimos meses e depois tentar me inscrever em algumas provas de 10 e 21 quilômetros para ganhar velocidade e bater alguns recordes pessoais. E o ciclismo, minha segunda modalidade, vem de coadjuvante”.
Inspiração e estímulo
Influenciadora digital, Tatiane tem inspirado e estimulado mais pessoas a cada dia, compartilhando sua rotina de treinos e demonstrando que todo mundo pode se superar por meio do esporte. A presidente do Instituto Emanuelle, Andréa Aleixo, congratula a dedicação da corredora, que colocou Mato Grosso do Sul em destaque ao conquistar a Mandala Six Majors.
“Essa conquista da Tati foi um grande presente para nós, que comemoramos três anos da Lei Emanuelle no dia 10 de março. Quero lembrar que não existe situação favorável ou desfavorável para uma pessoa determinada. O que existe é saber que pode e não desistir até conseguir. Quero parabenizar cada minuto em que esteve em sua solitude construindo essa sua fortaleza interna e condicionamento físico dessa máquina tão perfeita”, enfatiza Andréa.
O Instituto Emanuelle foi criado com o objetivo de promover debates, reflexões e eventos sobre a mobilidade sustentável e segurança de ciclistas no trânsito, motivando soluções inovadoras de gestão pública, além de incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte. A entidade foi instituída após Emanuelle Aleixo Gorski, de 21 anos, falecer após um acidente em Campo Grande, enquanto andava de bicicleta.
Para Andréa Aleixo, os ideais do Instituto vão de encontro com a motivação e os princípios promovidos por Tatiane Bérgamo todos os dias. “Gostaria que esse momento reverberasse e tocasse o coração de nossa população para que seja estimulado o esporte, que é capaz de transformar vidas e melhorar as relações humanas. O esporte é a chave para o sucesso de uma sociedade. Quem faz esporte não tem tempo para hábitos negativos. Quem faz esporte se oxigena mais o cérebro. Quem faz esporte respira melhor, se comunica melhor, tem mais controle dos seus temperamentos, diminui a possibilidade de doenças, se relaciona melhor consigo e com os outros. Quem faz esporte é mais feliz. E quero, através do Instituto Emanuelle, dizer a todos que se superarem, assim como a Tatiane fez”.
Fotos: Divulgação
Assessoria de Comunicação
Fundesporte