No Brasil, são 138 cooperativas educacionais no Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços do cooperativismo brasileiro. Já no Ramo Consumo, os serviços educacionais representam 27% do total das cooperativas, segundo o Anuário do Cooperativismo 2022.
No início dos anos 1990, um grupo de trabalhadores de Irecê (BA), impactados pelos consecutivos aumentos das mensalidades escolares, achou no cooperativismo a solução para proporcionar uma educação de qualidade às crianças da cidade, com preços acessíveis, e comprometida com a cooperação e com o desenvolvimento da comunidade.
Criaram então a Cooperativa Educacional de Irecê (Coperil), que cresceu e se tornou uma das maiores cooperativas de ensino do estado da Bahia. Com os serviços de 58 cooperados, entre professores e gestores, e 35 funcionários, a escola atende, atualmente, 800 alunos dos municípios da microrregião de Irecê.
“As pessoas acreditaram na proposta”, conta Alaerte Arônia, presidente do Conselho de Administração da Coperil e conselheira administrativa do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado da Bahia – Sescoop/BA. “A Coperil iniciou da Educação Infantil a oitava série, na época. Depois, foi evoluindo até chegar ao Ensino Médio. E hoje, além do ensino regular, temos outros serviços, a exemplo, do cursinho pré-vestibular e outros serviços voltados para área da educação. É uma escola cooperativista que só tem crescido desde quando surgiu”, completa.
A Coperil é um dos exemplos de cooperativas educacionais espalhadas no estado da Bahia. Essas entidades fazem parte dos Ramos Trabalho, Produção de Bens e Serviços, e Consumo do cooperativismo. “Na cooperativa de Trabalho, Produção de Bens e Serviços, os cooperados são os profissionais da educação. [A cooperativa educacional] É basicamente formada por professores. Na cooperativa de consumo, são os pais que contratam o serviço”, explica Alaerte Arônia.
Com 30 anos no ramo, a cooperativa baiana se consolidou e conquistou o Prêmio SomosCoop Excelência em Gestão, em 2021, por sua gestão e dedicação na prestação dos serviços educacionais. A premiação é promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo e acontece a cada dois anos, com objetivo de reconhecer as cooperativas que fortalecem e promovem o modelo cooperativista de negócio.
No Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços, são cerca de 138 cooperativas educacionais ativas no país. Já no Ramo Consumo, a participação dos serviços educacionais representa 27% do total de cooperativas. Os dados são do Anuário do Cooperativismo 2022. Na Bahia são 14 cooperativas educacionais registradas no Sistema Oceb.
Assim como as escolas convencionais, as cooperativas educacionais cumprem as normas do Ministério da Educação (MEC), segundo Alaerte Arônia. Para alem disso ela diz que um dos diferenciais curriculares é o ensino dos valores e práticas do cooperativismo. “Temos a disciplina Cooperativismo, onde se trabalha nossa filosofia e nossos valores”. Como exemplo ela cita a ‘cooperativa mirim’, que é uma prática da Coperil. “É uma cooperativa formada por alunos. É [abordado na prática] o funcionamento de uma cooperativa, onde se forma o conselho administrativo, o conselho fiscal. E os alunos têm toda uma autonomia de realizar assembleias, reuniões, o registro de ata, cada conselho atuando com a sua independência”, relata.
Resultados
Na avaliação da coordenadora pedagógica da Coperil, Jaqueline Medeiros, o trabalho conjunto entre coordenação, professores e psicólogos no preparo e formação dos estudantes é o fator responsável pelos bons desempenhos dos alunos da escola no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e em eventos como a Olimpíada Brasileira de Matemática (Obmep) e na Olimpíada Brasileira de Astronomia (Oba).
“A Coperil tem tido um resultado bem expressivo. Esse ano nós entendemos que deveríamos participar da Olimpíada de Astronomia, a Oba. E tivemos alunos medalhistas de ouro, de prata e também muitas menções honrosas”, conta. “Durante o ano, a escola prepara os alunos para as olimpíadas, através de aulas, com simulados e atividades. Nos anos em que participamos da Olimpíada de Matemática, houve um avanço muito grande na disciplina e, consequentemente, na de Ciência. Então, a gente pensa nas olimpíadas também como um avanço dos alunos na área do conhecimento”, completa Jaqueline Medeiros.
Os estudantes do Ensino Médio também recebem preparação especial para o ENEM, em simulados anuais, simulados avaliativos semanais por área de conhecimento, além das aulas de repertório e argumentação, focadas em melhorar a escrita. Segundo Jaqueline Medeiros, no exame realizado em 2021, mais de 20 alunos da escola tiraram notas acima de 900 na redação. “Esperamos que esses resultados só melhorem”, almeja a coordenadora pedagógica.
Social
Além de proporcionar um ensino de qualidade, outro foco das cooperativas educacionais é a formação de cidadãos comprometidos com as questões sociais e com sua comunidade. E a Coperil vem fomentando isso com o Dia de Cooperar – Dia C, criado pelo Sistema OCB. “Um dia do ano em que todas as cooperativas do Brasil, legalmente constituídas, realizam projeto social dentro da comunidade em que está inserida. Isso é uma forma da gente desenvolver essa habilidade do social e do respeito para com o nosso aluno, é o sétimo princípio do cooperativismo ‘interesse pela comunidade’”, explica Alaerte Arônia.
Na visão de Alaerte Arônia, as cooperativas educacionais formam cidadãos mais conscientes. “Sem sombra de dúvida, permitem uma formação cidadã mais plena, voltada para os valores do cooperativismo, como a questão da Democracia, do interesse pela comunidade, da intercooperação, do respeito e da solidariedade”, completa.
Para mais informações sobre esse e outros segmentos que compõem o cooperativismo, acesse somoscooperativismo-ba.coop.br e as redes sociais do Sistema Oceb.
Fonte: Brasil 61