Agrônomo informa que a cochonilha pode danificar cerca de 30% a 40% da produção
Na Bahia, o último valor da produção de café registrado foi de R$ 2.402.030 reais — e a quantidade produzida bateu a marca de 233.325 mil toneladas em 2022. Os dados foram da última coleta de dados divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, uma nova espécie de cochonilha foi identificada em lavouras de café do tipo conilon, no Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo.
Agrônomo e produtor de café em Teixeira de Freitas (Bahia), Renato Hortélio explica que cochonilha são insetos sugadores — e alguns deles são pragas de uma série de culturas. “A cochonilha, do gênero Planococcus [cochonilha-da-roseta], tem esse hábito de desenvolver parte do ciclo na raiz e subir para a parte aérea. No Espírito Santo foi identificada a do gênero Pseudococcus, que tem suspeitas de estar existindo aqui na Bahia. Ela tem um aspecto de não ter a fase da raiz, mas causa danos do mesmo jeito.”
O produtor ressalta que o efeito da cochonilha para a produção de café acontece de forma rápida, podendo danificar cerca de 30% a 40%. Ou até mais, da produção dependendo do estágio dos frutos que foram atacados pela praga. Ele também afirma que alguns inseticidas que eram usados aparentemente não estão controlando a praga tão bem quanto antes.
“Hoje eu estou cuidando disso na minha fazenda, mudando inseticida para ver se eu controlo. Existe controle biológico também, mas o próprio é uma aplicação de um fungo e não está funcionando tão bem. Talvez por conta da oscilação climática que ocorreu”, afirma.
Economia
Para Hortélio, esse tipo de praga faz com que aconteça uma perda de produção, prejudicando o bolso dos produtores. “Eu mesmo devo ter perdido, nas áreas que tiveram mais ataques, cerca de 20% da minha produção, mas felizmente não foi na minha lavoura toda”, explica.
Ele explica que isso não afeta diretamente a exportação do produto, mas sim a disponibilidade de volume. Ele pontua que o café está apresentando um preço elevado devido à escassez dele nos países em geral.
“Até porque o próprio El Niño, que afetou a produção de conilon no Brasil, também afetou no Vietnã e na Indonésia, então prejudica diretamente a disponibilidade”, ressalta.
Em 2023, o Brasil exportou 39,24 milhões de sacas de 60 kg de café em 2023, conforme aponta o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Espírito Santo
O Espírito Santo destaca-se como o principal produtor de café conilon no Brasil, contribuindo com cerca de 70% da produção total do país. Este tipo de café representa a principal fonte de receita em 80% das propriedades rurais capixabas e gera 250 mil empregos diretos e indiretos. As informações são do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
De acordo com o governo do estado, em 2023, o complexo cafeeiro foi o principal produto do agronegócio capixaba, impulsionado pelo café conilon que quase triplicou o volume de sacas exportadas. Segundo o Centro de Comércio do Café de Vitória (CCCV), de janeiro a novembro de 2023 foram exportadas 3.512.621 sacas de café conilon cru em grãos.
“Um desafio não só capixaba, mas brasileiro hoje, é que grande parte mais de 95% das exportações nacionais são de grãos não processados, que vão na forma crua para o exterior. Há toda a agregação de valor das grandes indústria,s seja na América do Norte, nos Estados Unidos, seja na Europa, seja na Ásia. Essa agregação é feita lá. Então, nós precisamos cada vez mais processar e vender com valor agregado para gerar mais emprego”, destaca o secretário da Agricultura, Enio Bergoli.
Os produtores de café que detectarem a presença da nova espécie de praga em suas fazendas podem entrar em contato com o Incaper nos municípios para que seja feito um mapeamento da ocorrência.
Leia mais:
Após queda da rentabilidade de lácteos, setor espera estabilidade em 2024
Fonte: Brasil 61