Praticamente todas as capitais brasileiras têm uma central de logística para o tratamento adequado do lixo
O lixo eletrônico, que precisa de descarte diferente do lixo normal, já tem destino mais apropriado em mais de 20 pontos do país há um ano. Nas 25 centrais de Logística Reversa de Eletroeletrônicos, como são oficialmente chamadas, é possível descartar corretamente itens como batedeira ou liquidificador, ferro de passar, fone de ouvido e até mesmo microondas e geladeira.
De acordo com a lei 12.305/2010, que criou a Política Nacional de Resíduos Sólidos no país, o processo de logística reversa é definido como um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.
De acordo com Sergio de Carvalho Mauricio, presidente da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE), a logística reversa também contribui com o desenvolvimento econômico, ao gerar empregos nas centrais e em todo o processo de recolhimento desses materiais.
“Esse processo como um todo envolve várias etapas de transporte, de armazenamento e finalmente operações e desmontagem. O que naturalmente gera empregos para transportadores, para operadores que vão efetivamente trabalhar no sistema. Também é um componente social bastante importante à medida que ele permite remuneração para as associações de catadores, para cooperativas que hoje já fazem o recolhimento desses materiais junto às autarquias responsáveis pela limpeza urbana junto aos municípios, contribuindo para remoção desses materiais do meio ambiente”, afirma o presidente e porta-voz da associação.
A ABREE é, junto com o Ministério do Meio Ambiente e com os Estados, a responsável pela criação das centrais com capacidade de armazenamento entre 5 e 8 toneladas de lixo eletroeletrônico. Após descartado pela população local, esse tipo de resíduo é retirado por empresas parceiras para iniciar a logística reversa. Os equipamentos descartados são encaminhados a uma fábrica e desmontados, para que possam ser destinados aos locais adequados – seja para reaproveitar peças ou descartar de forma menos agressiva ao meio ambiente.
De acordo com o artigo “O Descarte do Lixo Eletrônico e Seus Impactos Ambientais”, publicado na edição 27 da Revista Acadêmica das faculdades Oswaldo Cruz, esses resíduos contêm substâncias químicas que podem contaminar o ambiente. “Esses elementos podem contaminar o solo, a água ou até mesmo o ar, prejudicando de forma significativa o meio ambiente e a saúde humana”, aponta o artigo.
Dados do Ministério do Meio Ambiente apontam que mais de mil toneladas de resíduos eletroeletrônicos e eletrodomésticos foram recebidas em 2021. O número é 75 vezes maior do que o que havia sido arrecadado nos três anos anteriores.
Existem aproximadamente 3,7 mil pontos de coleta desse tipo de resíduo em todo o país, espalhados por mais de mil municípios, de onde o material é enviado para os centros de logística reversa. As primeiras centrais começaram a funcionar nas capitais do Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, em junho e julho de 2021, respectivamente. Desde então, outras centrais também foram criadas nas capitais de ES, AM, AL, PR, RJ, GO, RS, RO, SE, MT, RR, AP, PA, PB, MA, AC, PI, MG, SP, BA, RN e no DF.
“Temos trabalhado com municípios acima de 80 mil habitantes, mas não nos limitando a esses municípios. Trabalhamos inclusive com consórcios municipais. Uma das instalações que nós fizemos de central logística reversa foi em conjunto um consórcio que dá atendimento a mais 60 municípios no estado de Minas Gerais. Então, nosso objetivo é realmente levar essas centrais a todas as regiões do país, garantindo que os pontos de coleta regionais para esses produtos que são descartados pelo consumidor final, possam ser consolidados e finalmente transportados para as unidades que vão processar esse material”, conclui Sergio Mauricio.
Para fazer o descarte correto desse tipo de resíduo, é possível buscar, o ponto de coleta mais próximo no site da ABREE, basta colocar o CEP. Verifique a lista completa dos produtos que podem ser descartados.
Fonte: Brasil 61