Obras para construção da usina de hidrogênio verde, na cidade de Parnaíba, no Piauí, devem começar no final de 2024, com ínicio das operações em 2026
A União Europeia (UE) vai apoiar financeiramente a construção de uma usina para produção de hidrogênio verde e amônia no Piauí. Segundo a presidente da UE, Ursula Von der Leyen, o projeto será instalado em Parnaíba e as obras devem começar no final de 2024. O início das operações está previsto para 2026.
O anúncio foi feito no último dia 20, durante participação da presidente da UE na Semana Europeia do Hidrogênio, realizada em Bruxelas. Na ocasião, Von der Leyen destacou que este será um dos maiores projetos do mundo em hidrogênio verde. “Faz parte de um investimento global de 2 bilhões de euros na cadeia do hidrogênio no Brasil. Este novo parque de energia verde terá uma instalação de produção de 10 gigawatts de hidrogênio limpo e amônia”, disse.
O investimento faz parte do programa Global Gateway, uma iniciativa da União Europeia com o objetivo de mobilizar 300 bilhões de euros até 2027 para apoiar projetos sustentáveis de infraestrutura ao redor do mundo. No Brasil, o compromisso foi firmado em junho, após reunião da presidente da UE com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
No Piauí, a usina deve aproveitar a estrutura do Porto de Luís Correia para exportar o hidrogênio como combustível para a Ilha de Krk, na Croácia, de onde seguirá para atender compradores industriais do sudeste da Europa.
O gerente de Análise e Informações ao Mercado da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Ricardo Gedra, explica que a Europa precisará importar o hidrogênio renovável, por não conseguir produzir a quantidade que necessita.
“No mundo todo, há sinalização de uso em ampla escada, em amplo volume do hidrogênio como vetor energético para descarbonização. Porém, Europa e leste asiático estão sendo indicados como regiões que precisarão de bastante hidrogênio, mas não conseguirão produzi-lo com baixa emissão na quantidade necessária. Então, eles se tornam mercados compradores no âmbito internacional e o Brasil, então, tem a possibilidade de exportar para esses mercados”, diz.
Conforme o Ministério de Minas e Energia (MME), o Brasil tem potencial para produzir 1,8 Gigatonelada (Gt) de hidrogênio de baixa emissão de carbono por ano. Segundo a pasta, as projeções atuais posicionam o país com o menor custo de produção de hidrogênio verde e derivados. O país também possui cerca de US$ 30 bilhões em projetos anunciados de hidrogênio de baixa emissão de carbono no país.
Políticas para o setor
No Congresso Nacional, há projetos de lei em tramitação e comissões especiais sobre o hidrogênio verde, com o objetivo de estabelecer políticas para regular e incentivar a produção do combustível no país.
O deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP) comemorou o anúncio do investimento da União Europeia. “É difícil a gente ver alguma indústria brasileira que consiga ter um investimento tão elevado. Então, quando alguém vem de fora acreditando que essa geração de hidrogênio no Brasil vai ter um impacto, inclusive para os outros países, como uma oportunidade, a gente vê isso como uma confiança e um reconhecimento que o Brasil tem muito potencial para crescer.”
O parlamentar acredita que o Brasil tem uma oportunidade de modificar a matriz energética a partir do hidrogênio verde. “E aí nós estamos falando da biomassa, que existe em grande parte do Brasil. Nós estamos falando de energia eólica, que beneficia também uma expressiva parte do Brasil e que pode ser muito ampliado, inclusive offshore. A questão da energia solar do país. Então, nós temos aí grandes oportunidades para a gente poder realmente modificar a matriz energética brasileira a partir da estratégia do hidrogênio verde”, completa.
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Fonte: Brasil 61