Foram 198 mil unidades vendidas e uma média diária de 9,9 mil unidades. A segunda maior do ano, segundo Anfavea
A média diária de produção do setor automotivo, em setembro, foi de 10,4 mil unidades. O resultado é o maior do ano, totalizando 209 mil autoveículos. Já as 198 mil unidades vendidas representaram média diária de 9,9 mil unidades, a segunda maior de 2023. Os números são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Na opinião do economista Newton Marques, esse é um dado que precisa ser visto com cautela. “Isso não está ligado à retomada da atividade econômica, porque as pessoas ainda estão muito endividadas e as taxas de juros estão elevadas”, avalia.
Marques acredita que esse resultado pode estar relacionado a um grupo de pessoas que ainda têm renda e poder de compra. “Não há uma redução significativa da taxa de juros, mas pode ter compra com base no financiamento de um período menor e com 0% de juros, como uma entrada boa, mas isso é só para as pessoas que têm uma renda que não está comprometida”, esclarece.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, diz que é muito importante a indústria trabalhar junto com o poder público “É necessário que haja uma liderança para que sejam discutidas formas de harmonização entre os países, para que o produto homologado no Brasil seja aceito na Argentina, o mesmo para o Chile, ou seja, trazer essa liderança para que os produtos tenham uma harmonização técnica e regulatória. Isso é fundamental se o Brasil quiser ser um grande player global”, ressalta.
Para a economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Carla Beni o mercado automotivo se estabilizou depois da pandemia em um patamar muito mais alto.
“Os carros subiram muito o preço e tem público para isso. E o público está pagando o preço. Então o mercado se ajustou em um patamar acima por ‘N’ razões variadas: por causa da pandemia, porque as pessoas ficaram muito tempo com os carros, ou porque querem trocar. Aí tem várias razões para explicar. Mas é sim um público no Brasil que tem renda disponível para isso e resolveu trocar o carro”, destaca.
Segundo a especialista, os números podem estar relacionados às pessoas que não estão negativadas nem com o problema de crédito e ainda lembra: “Quanto mais desigual o país, maior é o paradoxo no consumo, na renda e nesses campos que a gente está discutindo”,
De acordo com a Anfavea, as exportações vêm sendo o grande ponto de alerta para o setor automotivo nestes primeiros nove meses do ano. Por conta da crise na Argentina e a queda de mercados domésticos no Chile e na Colômbia, houve um recuo de 11,2% na comparação com o mesmo período de 2022. Desta forma, as projeções, que eram de queda de 2,9% no ano, passaram para 12,7% nos embarques ao exterior.
O impacto da queda nas exportações provocou uma revisão para baixo da produção. A nova previsão é de um fechamento anual com 2.732 mil autoveículos produzidos, 0,1% a mais do que em 2022. Em janeiro, esperava-se um crescimento de 2,2%, conforme levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.
Fone: Brasil 61