Veja as ações desenvolvidas na capital cearense em busca da diminuição dos acidentes de trânsito; especialista aponta diversas medidas que podem salvar vidas
O Brasil comemora anualmente, de 18 a 25 de setembro, a Semana Nacional de Trânsito. O objetivo da atividade é promover maior segurança, através da conscientização de condutores, motociclistas, ciclistas e pedestres. De acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito do Ministério dos Transportes (Senatran), quase 80% das mortes registradas no trânsito em todo o Brasil estão concentradas nos 20% dos municípios que têm mais de 30 mil habitantes – aproximadamente 1,2 mil cidades.
O Relatório Anual de Segurança no Trânsito divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) traz uma comparação desconcertante: enquanto aqui os acidentes de trânsito provocam 23 mortes para cada 100 mil habitantes, outros cinco países — Dinamarca, Noruega, Suécia, Reino Unido e Islândia — já conseguiram reduzir esse índice para menos de 3 mortes no trânsito, para cada 100 mil habitantes.
Este ano, o governo brasileiro pretende premiar os municípios com melhores práticas e resultados no trânsito. Segundo a Senatrans, o Ministério dos Transportes pretende diminuir o número de acidentes. “Vamos cobrar um trânsito melhor dos municípios, mas também vamos premiar aqueles que atingirem as metas”, justifica o secretário Adrualdo Catão.
Ações em Fortaleza
Apesar dos altos índices de mortes causadas por acidentes de trânsito no Brasil, algumas cidades do país adotaram práticas que fizeram diminuir as ocorrências. De acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), cidades como Fortaleza (CE) estão dando bons exemplos.
Em 2022, a capital cearense reduziu o número de mortes no trânsito pelo oitavo ano seguido. Conforme dados da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), no ano passado Fortaleza contabilizou 158 mortes. O número caiu 14,7% em comparação a 2021. E foi 58% menor ao número verificado em 2014, quando 377 pessoas perderam a vida no trânsito.
Além do investimento em sinalização, Fortaleza intensificou ações de educação para o trânsito. A prefeitura adotou o sistema “Áreas de Trânsito Calmo”, com faixas de pedestres elevadas e redução de velocidade em diversas ruas e avenidas. Dados coletados pela prefeitura indicam que, nas vias onde a velocidade foi reduzida para 50 quilômetros por hora, houve diminuição de 68,1% na média de acidentes com mortes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o excesso de velocidade é responsável por uma a cada quatro mortes no trânsito. Uma readequação de 60 km/h para 50 km/h aumenta em dez vezes a chance de o pedestre sobreviver a um atropelamento.
Como evitar acidentes
Joel Mendes, especialista em Legislação de Trânsito, lembra que todos os condutores de veículos automotores devem colocar em prática os conhecimentos adquiridos sobre a legislação de trânsito, “para que esse conhecimento não seja um conhecimento vazio”, observou Joel – que é professor de pós-graduação em Direito de Trânsito e ocupa uma cadeira no Conselho Estadual de Trânsito do Rio de janeiro (Cetran-RJ).
A primeira “dica” para se evitar sinistros de trânsito, apresentada pelo especialista, é que o motorista obedeça aos limites de velocidade da via na qual está dirigindo. “O excesso de limites de velocidade hoje é uma das principais causas de mortes, de óbitos, de sinistros de trânsito”, justifica.
Ele também destaca a importância do uso do cinto de segurança e de se evitar aparelhos celulares: “Extremamente importante é usar devidamente o cinto de segurança, tanto o condutor como os demais passageiros do veículo, e jamais manusear o celular ao estar conduzindo veículo automotor”, enfatiza, acrescentando: “Álcool e direção jamais deve-se ter essa combinação ao conduzir um veículo”.
Direção preventiva
Para Joel Mendes, que atua na área de orientações e prevenções de trânsito desde 2008, além de obedecer às normas, é muito importante que o condutor exerça uma postura preventiva na direção do veículo, conduzindo sempre defensivamente e evitando posturas agressivas e imprudentes, “precavendo-se também das possíveis falhas humanas causadas por outros condutores”.
Além disso, o especialista destacou que os condutores de veículos motorizados têm o dever de zelar pela segurança dos condutores dos veículos não motorizados. “Por exemplo, ao passar um ciclista, é importante que o condutor mantenha uma distância mínima de um metro e meio”, afirmou.
“Ao se aproximar, tomar sempre cuidado com pedestres, porque os pedestres são muito mais vulneráveis no trânsito. A todo momento, o condutor deve estar aplicando a legislação de trânsito e seguindo a direção de veículos defensiva, na sua condução veicular”, conclui o especialista.
Fonte: Brasil 61